domingo, 3 de novembro de 2013

Colatina e a E. F. Vitória a Minas (Parte 1)

atual Avenida Getúlio Vargas
A ferrovia foi responsável por uma série de progressos em nosso país e deve ocupar um espaço na memória brasileira; sendo assim é muito prazeroso tornar conhecido o desconhecido ao público geral. O Estado do Espírito Santo deve muito a ferrovia, que no passado eram várias, somando somente no sul do Estado, uma média de 6 ferrovias distintas.

A Companhia Vale do Rio Doce deixou marcas significativas da sua importância na transformação urbana de cidades e vilas, localizadas dentro de sua área de influência. Isto pode ser conferido, tanto a nível da grande cidade de Vitória, como em cidades menores, ao longo do leito de sua ferrovia “EFVM”, que transporta principalmente o minério de ferro extraído em Minas Gerais, onde inclusive, o apito do trem chegou a definir um modo de vida, estabelecendo horários para a  população destes locais. Ao longo da EFVM, pontos que inicialmente funcionavam como apoio a sua construção, hoje se transformaram em importantes cidades e vilas. Colatina é um desses exemplos.

   A história da antiga CVRD (Vale), está diretamente ligada à região de Colatina e adjacências, pois foi a partir da construção da estrada de ferro Vitória a Minas, é que o seu progresso começou a se delinear efetivamente, passando a ser conhecida no passado, no Estado do ES, como “Princesa do Norte”, devido ao seu forte comércio através da movimentação dos trens de passageiros pelo centro da cidade. 

A EFVM, teve grande dificuldade de expansão durante sua chegada ao Rio Doce em Colatina, cuja a região na época era inóspita, habitada quase que exclusivamente por índios (algumas tribos eram canibais, como os Aymorés) e animais ferozes, além de ter uma espessa vegetação e terreno de topografia difícil em razão da grande quantidade de morros. No início, a Estrada de Ferro Vitória a Minas teve outros dois nomes: “Estrada de Ferro Peçanha ao Araxá” e “Estrada de Ferro Vitória a Diamantina.” O empreiteiro dos estudos da ferrovia que definiu o traçado original, foi “Pedro Nolasco”, eleito também Diretor-Gerente da Ferrovia. Pedro desenvolveu suas atividades desde o começo das obras, em 1901, até falecer em 1935. A construção da ferrovia sofreu grandes dificuldades, não só pela irregular topografia e difíceis condições de penetração, como também pela redução de recursos financeiros em seus primeiros dias, que só chegavam às mão de Pedro Nolasco depois dos serviços realizados. Mas a superação desse problema financeiro foi conseguida pela inteligência e força de vontade desse engenheiro que sempre encontrava a solução adequada para cada situação, atuando pessoalmente junto aos seus assessores em todos os quadros, com energia, e em outros momentos com bondade, mas seguro do que queria.
A Estrada de Ferro veio propiciar a habitação e o progresso do Vale do Rio Doce, além de beneficiar o transporte do minério de ferro, passageiros e outras cargas. As cidades mais beneficiadas foram Colatina, Aimorés, Conselheiro Pena, Governador Valadares e imediações. Segundo informações, a Estrada de Ferro Vitória - Minas foi feita sem nenhum túnel no início.

Construção da EFVM
Segundo o livro “Eng.º Pedro Nolasco - Homenagem”, editado pela Tipografia Gentil, de Vitória, em 1935, e cedido à Revista “Nossa”, para pesquisa, esta era a seguinte situação da Estrada de Ferro Vitória a Minas em 30 de dezembro de 1912:
Estação de Colatina, inaugurada em 1906.
Estação de Natividade do Manhuassu, hoje Aimorés, inaugurada em 8 de agosto de 1907, no Km 207, alt. 76m.
Estação de Resplendor, inaugurada em 1.º de maio de1908, Km 244, alt. 92m.
Estação de Lajão, hoje Conselheiro Pena, inaugurada em 4 de dezembro de 1908, km. 276, alt. 125m.
Estação de Cachoeirinha, inaugurada em 18 de outubro de 1909, km. 312, alt. 153. (município de Caratinga).
Estação de Derribadinha, região perto de Governador Valadares, inaugurada em 31 de dezembro de 1909, km. 344, alt. 145. (município de Caratinga).
Estação de Figueira, hoje Governador Valadares, inaugurada em 15 de agosto de 1910, km. 358, alt. 165.
Estação de Baguari, inaugurada em 1.º de julho de 1911, km. 377, alt. 174m. (antigo município de Gunhães).
Estação de Pedra Corrida, inaugurada em 28 de dezembro de 1911, km. 398, alt. 194, (município de Guimarães).
 Estação de Cachoeira Escura, inaugurada em 30 /12 de 1912, km. 443, alt. 210.

Vale destacar que nessa ocasião havia um total de 235 km de ferrovia, através da região áspera e febril, cortada por grandes rios correntes como o Manhuassu, Coité, Doce, Sassuy, Correntes, Santo Antônio e muitos outros menos caudulosos.

Desde 1908, Pedro Nolasco se preocupava com o beneficiamento em grande escala do ferro extraído no Brasil. E a massa colossal de ferro das montanhas de Itabira foi o alvo da ferrovia, que mudou o seu destino de ligar Diamantina.

A Estrada de Ferro Vitória a Minas, foi a maior das preocupações do engenheiro Pedro Nolasco, que a envolveu inteira na sua imaginação, dedicando-lhe por completo o seu carinho de administrador, nos últimos momentos da moléstia que o levou de nosso meio, delirava com sua ferrovia, e no seu delírio, dava ordens, certo de que talvez, ainda se dedicava à grandeza desta empresa, que hoje responde pela prosperidade, sendo a maior exportadora mundial de minério de ferro.

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